terça-feira, 1 de março de 2011

A morte é uma borboleta azul











O título desta postagem é uma homenagem ao amigo, professor e cantor Amarildo da Silva Mattos que no dia 25 de fevereiro estaria completando 30 anos de existência e certamente brindaria com os familiares e amigos não apenas seu aniversário, mas, entoaria uma canção de amor a vida.
A paixão pela música o levou a ultrapassar a ausência de espaços alternativos para divulgação do pop-rock e da black-music. Inicialmente, apresentava-se em colégios e bailes cantando estilos de música mais populares como o samba e o pagode, contudo, a partir do momento que começou a ouvir bandas como: Iron Maiden, O rappa e vários outros grupos internacionais e nacionais das décadas de 80 e 90 ocorreu sua conversão ao gênero.
Amarildo era formado em letras, atuando como professor de Língua Portuguesa em São Francisco do Pará e na Escola Bosque (Outeiro), nos fins de semana participava de ensaios e apresentações em bares da cidade de Castanhal, sua terra natal. Participou da banda The teacher (um grupo de amigos e professores que se apresentavam em feiras de ciência e arte de escolas públicas e particulares) além de ensaios com o "Divida Ativa" e paralelo a isto firmou-se como vocalista e letrista da renomada banda de rock castanhalense Estado Civil.
Nosso último contato foi numa apresentação no dia 6 de fevereiro em um bar próximo ao corpo de bombeiros cantando para o fiel público do rock e amigos que prestigiavam uma espécie de cena roqueira em Castanhal cotidianamente sufocada pelas aparelhagens, sertanejos, tecnobregas e principalmente a falta de políticas culturais para o público "underground e/ou alternativos" existentes na cidade.
Este segmento em vista do grave acidente automobilístico que lhe tirou a vida uniu-se para prestar-lhe homenagem e programou-se no dia 13 de fevereiro um evento com apresentação de bandas de rock, amigos e músicos que concentraram esforços e mobilizaram-se para sua realização.
Na verdade estes fatos envolvendo a perda deste companheiro movimentaram a cena cultural da cidade, acendendo a esperança e o compromisso de ampliarmos ações conjuntas para fomentar a organização do público do rock unindo bandas, instituindo locais de apresentação para os grupos autorais, além de estimular a criação de redes sociais e leis de incentivo à cultura para o desenvolvimento e apoio às diversas línguagens artísticas.
Durante a semana ao tentar atravessar a BR 316 constatei uma cena muito particular; uma espécie de borboleta azul muito comum na região amazônica sobrevoando o asfalto em meio ao trânsito caótico e acabei por fazer um analogia com a sua morte prematura.
De alguma forma a imagem que inspirou o título desta postagem simboliza para mim a transitoriedade da vida e a brutalidade da morte que insistimos sempre em negar e nos conduz a refletir sobre o nosso papel social, nossas ações individuais e coletivas, enfim, nossa breve existência neste mundo. É preciso alçar um vôo livre e rasante para que a festa da vida seja nosso maior presente, relembrando uma das músicas do rappa que o Amarildo gostava sempre de cantar e interpretar: "Brindo a casa, brindo a vida, meus amores, minha familia."



Castanhal, 26 de Fevereiro de 2011.

2 comentários:

SUBSOLO disse...

Porra morte, lindo texto hein, parabens!

P.S.: morte, tô com um material da pesada aqui em casa, "money jungle". vou passar pra ti.

Major disse...

Passarei a observar as borboletas azuis de forma diferente, a paritir de agora! Belo texto! Você pode estar se perguntando o motivo desse comentário, depois de tanto tempo... É que deu uma saudade desse meu irmão, então joguei seu nome no Google, e olha o que achei!!!
Obrigado!!!